Ai que saudades estava de vocês e de escrever por aqui!
Bem, disse que estaria de volta nas bandas de cá em fevereiro e aqui estou para honrar com muitas novidades!
Em férias, levei comigo dois verbos: apreciar e desfrutar. Foi o que fizemos em família.
Um dos passeios nem foi tão longe de casa assim. Uma certa manhã de quinta-feira, acordei com vontade de dar um mergulho na história. E além dos verbos acima, acrescentei "aprender".
"Terra à vista!" Frase interessante e que jamais me cansarei de imaginá-la. E não é para menos, pois quem as disse, vindo do outro lado do atlântico, deve ter ficado estonteado ao ver uma terra maravilhosa, com formações rochosas e vegetação exuberantes.
Pensando assim em apreciar, desfrutar e aprender é que nossa viagem no tempo começou. Quatro horas da tarde. O dia ardia o corpo. Calor de 39o. graus Não muito diferente de quando visitantes europeus, portugueses, os primeiros, aportaram por aqui. Brisa fresca mesmo, só sentiríamos em águas oceânicas quando navegássemos. O que não víamos a hora.
Nosso porto, o Espaço Cultural da Marinha. A embarcação, um rebocador chamado Laurindo Pitta, construído em 1910 na Inglaterra.
Rebocador Laurindo Pitta - foto autoria desconhecida (click na foto para ampliar)
O local para visitação, a Baía de Guanabara ou como me encanta chamá-la em tupi-guarani Iguaá-Mbara (enseada do rio-Iguaá e mar - Mbara). Primeiro de tudo, antes dos visitantes europeus, "o seio de onde brota o mar", dita assim pelos tamoios, era habitada e cuidada por vários povos indígenas, que aqui receberam surpresos os "perós" (portugueses).
Baía de Guanabara - foto autoria desconhecida (click na foto para ampliar)
A embarcação ampla e confortável nos acolhe. Após as instruções de segurança, e a apresentação da guia e historiadora, seguimos rumo as boas correntes e aos bons ventos marítimos ouvindo as histórias de cada recanto. Difícil mesmo é conciliar o desfrutar e o apreciar da bela paisagem com o ouvir atentamente as explicações. Por essas e outras é que vale mais de uma vez o passeio.
A bela Iguaá-Mbara banha as costas do majestoso Pão de Açúcar, de vários bairros cariocas, bem como alguns municípios e 20 ilhas, que foram palco de muitas lutas, perdas e conquistas de povos indígenas e brancos.
A ilha da Laje, por exemplo, era conhecida como traiçoeira. Pois, em dias de mar bravio e maré alta, ficava boa parte submersa. Logo foi abandonada.
A ilha da Laje, por exemplo, era conhecida como traiçoeira. Pois, em dias de mar bravio e maré alta, ficava boa parte submersa. Logo foi abandonada.
Ilha da Laje - Wagner Martins (click na foto para ampliar)
A exemplo disso temos também a Ilha de Villegagnon, nome do Almirante francês Nicolas Durand de Villegagnon, que a ocupou em 1555 e nela ergueu o Forte Coligny. Os franceses ficaram por lá durante 10 anos até serem expulsos pelos portugueses. Atualmente abriga Escola Naval.
Algumas ilhas podem ser visitadas - Ilha Fiscal(de 5a. a dom.- de barco que sai do Espaço Cultural da Marinha), Ilha de Paquetá(todos os dias - de barca que sai da Praça XV) e Ilha da Boa viagem (4o. dom de cada mês - tem que ir até Niterói). Nossa visita é certa e deixarei muitas histórias aqui para dividirmos tudo que é bom.
Ilha Fiscal - Naná Martins (click na foto para ampliar)
Nessa altura do passeio, as palavras da guia já não nos seguiam
mais ... Não com a frequencia que gostaríamos. Mas, pude perceber que dezoito rios desaguam na Baía de Guanabara, como os rios Guapimirim e Macacu, e que dão nomes aos seus municípios.
mais ... Não com a frequencia que gostaríamos. Mas, pude perceber que dezoito rios desaguam na Baía de Guanabara, como os rios Guapimirim e Macacu, e que dão nomes aos seus municípios.
Bem, mais duas palavras indígenas que tive que investigar. Significam "afloramento d'água" - Guapimirim (Aguapeí-mirim), localidade habitada por tamoios, tupi-guaranis, tupinambás e timbiras. E Macacu, maior rio que desagua na Baía e é o nome dado a uma espécie de palmeira.
Quem não conhece essas localidades também recomendo. É imperdível!
Quem não conhece essas localidades também recomendo. É imperdível!
Rio Macacu - Autoria Desconhecida (click na foto para ampliar)
Fiquei com várias itens para pesquisar depois! Adoro isso! E nessas pesquisas, especialmente, quanto à contribuição indígena à nossa cultura, pude perceber, e não foi a primeira vez, que inúmeras palavras do nosso dia a dia são dos nossos primeiros habitantes. Que ver? Peguei as seguintes palavras em tupi-guarani com seus significados. Veja que gostoso saber disso:
Arapuca - armadilha
Beijú - bolo de mandioca
Carioca - casa de branco
Marimbondo - mosca que flecha
Mandioca - aipim
Mingau - papa de farinha
Nhenhenhém - falação, tagarelice (uma político conhecido tinha o hábito de dizê-la)
Pará - rio (Estado)
Paraná - mar (Estado)
Paçóca - bolo esmigalhado à mão
Pavuna - lagoa preta
Pernambuco - mar com fendas, recifes (Estado)
Pereba - cicatriz, ferida
Peró - português (Praia do Peró em Cabo Frio, RJ)
Puçá - Armadilha para pegar animais aquáticos
Sergipe - rio de siri
Tijuca - pântano, lama
Tiririca - que se alastra, erva daninha que se alastra com rapidez
Viu quanta coisa que provavelmente você já ouviu falar e ainda usa, e usará por muito tempo? Contribuição cultural indígena.
Bem, nossa viagem rodou por uma hora e trinta minutos, voou séculos, localidades, imagens, fatos e desejos de conhecimento. A brisa do mar nos acalmou de certo. Porém, deixou gosto de quero mais e de como temos muito a aprender, apreciar e desfrutar, a começar pelo que está bem pertinho de todos nós, nossa própria cidade. Palco riquíssimo da história e de diversas histórias.
Espero que tenham gostado. Aventurem-se! Até a próxima!
Entrada da Baía de Guanabara - Naná Martins (click na foto para ampliar)
Fonte: pesquisas próprias ao longo do tempo; Espaço Cultural da Marinha, Museu do Índio, Instituto Baía da Guanabara, Prefeitura das cidades de Guapimirm e Cachoeira de Macacu. Dicionário Tupi-GuaranixPortuguês e PortuguêsxTupi-Guarani da Biblioteca Barbosa Rodrigues.
sugestão de site: http://www.mar.mil.br/dphdm/pitta/pitta.htm
3 comentários:
Muito bacana, Naná. Uma vez levamos as crianças para a Ilha Fiscal e pensamos em retornar para o passeio no Laurindo Pitta. Ficamos adiando, mas ao ler o seu relato percebi que não dá para adiar mais.
Você sabia que o Laurindo Pitta foi feito na mesma época que o Titanic? E que fez parte da frota brasileira na I Grande Guerra?
Alex! Soubemos da história da embarcação no passeio. Tem uma mini expo a bordo a respeito. Quanto ao Titanic... É novidade!
Vá ao passeio o quanto antes. E repita. Pois, tem muito a ser explorado ali. É uma graça. Muito rico mesmo. Em todos os sentidos! Beijocas!
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